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Resistência Estudantil 2016 na Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão (UFG-RC)

  • Por Redação
  • 17 de dez. de 2016
  • 4 min de leitura

O ano de 2016 ficará marcado como o ano em que mais houve negação do direito à educação, principalmente por conta da imposição da PEC do teto dos gastos realizada pelo governo de Michel Temer (PMDB-PSDB-DEM,etc.), que resulta em uma paralisia (por 20 anos) na inserção de uma quantidade maior de jovens nas universidades públicas e gratuitas, paralisando também todo o gasto com educação, mesmo havendo demandas sociais para o investimento.


O ano foi marcado também pela resistência dos estudantes universitários e secundaristas às medidas desiguais de Temer e aliados. Em relação aos universitários, foram mais de 200 ocupações em universidades de todo o país, sendo a Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão também ocupada.


Em Catalão a mobilização contra a PEC 55 iniciou-se com a greve/paralisação estudantil decidida democraticamente, por maioria, no pátio do RU (Restaurante Universitário), no dia 27/10/2016.


Além de pautas sobre o contexto nacional (Contra a PEC 55, Contra a MP 246 da "reforma" do ensino médio, contra a "reforma" trabalhista e previdenciária, contra a implementação de Os's, etc.) o Comando de Greve Estudantil (CGE) reivindicou questões locais concernentes à própria realidade da UFG-RC tais como melhorias nas condições de trabalho para trabalhadoras de empresas que prestam serviços para a universidade, pois há uma série de irregularidades no que diz respeito às condições de trabalho, muitas trabalhadoras adoecem pelo excesso de trabalho, não há horário de pausas para lanches, dentre outras problemáticas.

Outra reivindicação foi de punição para professores assediadores de estudantes e punição para o professor da UFG-RC que agrediu um estudante durante manifestação na universidade. Agressão é inconcebível já que toda a população e os estudantes possuem liberdade para manifestar, garantido em forma de direito constitucional. Este professor de nome Sólon Bevilacqua fez perpetuar o que a mídia e o governo Temer já estavam pregando: ódio à luta estudantil e criminalização do pensamento crítico, pois a manifestação dos jovens tinha intenções de cunho social e coletivo de questionamento da ordem vigente no país que propõe o aumento das desigualdades sociais. A atitude de tal professor reforça a ideia de que não se deve questionar a ordem vigente, deve-se obedecer e aceitar calado/calada e, por outro lado, percebemos qual é a intenção de toda essa retaliação às manifestações: elas são perigosas (no entendimento do governo) pois mostram a estrutura de poder e injustiças.

Também foi reivindicado melhorias e aumentos nos benefícios dos/das estudantes, dentre estes, a construção da casa do estudante. Esta reivindicação que foi atendida no dia 14/12/2016 após muita discussão e pressão dos estudantes do CGE para com a direção da regional que até então não havia se comprometido com a construção do espaço.


Ocupação dos blocos I e II na UFG-RC


Os blocos I e II foram ocupados no dia 16 de novembro e a ocupação se estendeu até o dia 26 (sábado), portanto, 11 dias de ocupação. Essa extensão de dias seria reduzido para 9 dias se não tivesse ocorrido negociação do advogado dos estudantes para com o juiz. O advogado desde o primeiro momento refutou a acusação que os denunciantes dirigiram aos estudantes da ocupação, de que eram invasores e que pretendiam ter a posse do imóvel. Foi a primeira vez que o juiz voltou atrás da decisão inicial que havia tomado de desocupação de uma universidade, o mesmo juiz emitiu ordem para outros campus da UFG que tiveram de ser desocupados no dia previsto inicialmente. Esta decisão judicial de prolongamento da ocupação foi considerada pelos/pelas estudantes como uma vitória. Porém, mesmo com esta vitória os/as estudantes juntamente com o advogado ainda precisam desconstruir por completo a tese dos denunciantes e judicial de que eram invasores e que pretendiam ter a posse dos imóveis, tese esta totalmente equivocada e criminalizadora do movimento/luta estudantil.


A escolha por ocupar baseou-se nas seguintes questões:


- No desejo de reivindicar as pautas nacionais e regionais;


- No conhecimento que os estudantes tinham e tem de que a paralisação dos blocos era legítima e apoiava-se no direito à liberdade de expressão e de manifestação;


- Baseou-se também no contexto nacional de ocupações onde ocorreram mais de 1.000 ocupações em escolas e universidades em todo território nacional;


- Baseou-se na indignação dos estudantes de verem professores que não aderiram a greve prejudicando diversos estudantes que não puderam ficar em Catalão para cursar apenas uma disciplina ou duas disciplinas, professores estes que coagiram vários estudantes que participavam do Comando de Greve Estudantil. Muitos professores e estudantes do bloco didático das engenharias na UFG-RC estavam barrando/controlando a entrada destes estudantes do movimento estudantil. Para realizar tal controle permaneciam com as portas trancadas realizando o controle de entrada e saída, por tal atitude eles foram notificados pela PF (Polícia Federal) para desocuparem, já que a PF entendeu que ali também estava acontecendo uma ocupação.


- Uma outra motivação para que ocorresse a paralisação dos blocos foi a sensibilização com a tragédia ocorrida em Goiânia no dia 15/11/2016, onde um estudante de Matemática da UFG chamado Guilherme Irish foi assassinado por seu pai por motivo de intolerância ao pensamento - intolerância ao pensamento à esquerda - e por que ele estava participando da ocupação na universidade.


Durante a ocupação o espaço que antes dava lugar à aulas padrões com ritmo de produção geradores de cansaço e desencanto passou à sediar debates diários e atividades enriquecedoras de conhecimento via arte, grupal, individual, político e emocional.


Todo este processo propiciou a todos/todas os/as estudantes da ocupação um novo significado ao que é denominado de "aprendizagem", pois esta não precisa ser traumática, ela precisa ser baseada no cotidiano e servir à modificação de nossa realidade.


Os/as estudantes tiveram neste ano o maior desfio que foi o de lutar pela permanência do direito à manifestação, à expressão livre do pensamento, ou seja, lutaram para que lutar não fosse e não seja crime, como Juízes, Mídia e Sociedade vem colocando ao tratar estudantes como criminosos. Lutar dá frutos individuais e coletivos e, mesmo que estudantes e professores não reconheçam o valor da luta (e muio destes usufruam dos frutos e não lutem), a luta continuará pois temos uma juventude que não se conforma, que não se acomoda frente as injustiças sociais.

 
 
 

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